sábado, setembro 30, 2023
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Indígenas, acadêmicos, e Conselho de Psicologia promovem mesa redonda sobre saúde Karajá

 

mesa redonda indigena

Com a proposta de transportar a campanha do Setembro Amarelo para uma perspectiva sobre as problemáticas regionais, o Centro Acadêmico de Psicologia do CEULP/ULBRA em parceria com o CRP-23, realizaram na última quinta-feira (21) a mesa redonda intitulada: “Saúde Karajá: Diálogos entre a Psicologia e os Saberes Tradicionais”. A atividade foi idealizada com o objetivo de contextualizar a Psicologia pensada no Tocantins, da formação acadêmica ao exercício profissional, com as demandas locais.

O suicídio é uma realidade que afeta os povos indígenas em proporções cada vez mais alarmantes. Dados divulgados pelo Mapa da Violência do Ministério da Saúde mostram que, enquanto a média do Brasil é de 5,3 suicídios por 100 mil habitantes, a incidência entre os indígenas atinge uma média de 9 suicídios para cada 100 mil habitantes, podendo chegar, em alguns municípios da região Norte, a 30 suicídios por 100 mil habitantes. No território do Estado do Tocantins, onde habitam nove etnias indígenas, essa é uma realidade preocupante.

Domilto Inaruri Karajá, indígena acadêmico de Direito, foi um dos convidados para mediar a mesa redonda. Ele conta que para o seu povo, o suicídio é provocado por feitiçaria. “Alguns povos e alguns estudiosos dizem que é por falta de políticas públicas, por falta de terra e até em consequência dos agrotóxicos, mas para o povo Karajá a causa do suicídio é espiritual.”.

Dolmito Karajá explica que há um guerra invisível muito difícil de ser explicada para as pessoas não indígenas. Segundo ele, o aumento dos casos de suicídio do seu povo acontece em virtude de um desequilíbrio entre o número de feiticeiros e a quantidade de pajés (curandeiros). Desta forma, esse quadro poderia ser revertido trazendo pajés de outras tribos, no entanto, existe uma grande dificuldade para viabilizar as viagens.

“Os feiticeiros manipulam os espíritos e afetam negativamente as pessoas, esse mal só pode ser combatido pelos pajés que estão em minoria no nosso povo. Esse é um fenômeno muito difícil de entender para a pessoa comum. A solução seria conseguir trazer pajés de outros povos, mas é muito caro.”.

Para o psicólogo estudioso das questões indígenas, Tassio de Oliveira Soares, um dos mediadores da mesa redonda, o evento foi muito importante porque permitiu um aprofundamento sobre o tema ao tempo que promoveu uma aproximação das relações entre os indígenas, o Conselho e os estudantes de Psicologia.

“O espaço foi muito rico, principalmente por ter a participação de pessoas indígenas tanto na mesa de mediação do debate quanto no público. Outro ponto positivo foi o evento ter sido idealizado em parceria com os estudantes e realizado dentro da Universidade, o que colabora para que o Conselho estabeleça novas relações com os futuros psicólogos a fim de construir uma Psicologia que dialogue com as demandas dos povos tradicionais.”.

Participou ainda como mediadora da mesa redonda a acadêmica de Psicologia Gythãna Dantas Cidreira Merigui. A Coordenação Regional da FUNAI também esteve presente.

 

 

 

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