sábado, setembro 30, 2023
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CRP-23 realiza evento de lançamento da Campanha Nacional de Direitos Humanos no Tocantins

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‘Feminicídio, violência contra a mulher e a flexibilização da posse de armas’ foi o tema do lançamento da Campanha Nacional de Direitos Humanos no Tocantins, realizado pelo Conselho Regional de Psicologia do Tocantins (CRP-23) na última sexta-feira (12) na Unitins, campus Graciosa. O evento composto por instalação artística e mesa redonda reuniu profissionais e acadêmicos da psicologia e de demais áreas, além de outros setores da sociedade civil, em um rico debate que questionou, principalmente, a atuação profissional em psicologia diante das diversas violências contra as mulheres e do novo contexto político.

Iniciando a explanação do tema para a mesa redonda, a psicóloga mestra e conselheira da CDH-CFP Maria de Jesus Moura falou sobre a tendência à culpabilização da mulher que é vítima de violência e sobre a importância de, também nestes casos, se considerar a pirâmide social de acesso aos direitos, fazendo recorte para a realidade das mulheres negras, trans, lésbicas e pobres como público mais vulnerável.

“É preciso pensar alternativas de nossa prática profissional em que compreendamos as mais diversas demandas de violência, como o sofrimento dessas pessoas nesses lugares.”, afirma Maria de Jesus, ressaltando a importância de uma escuta apurada e qualificada para ajudar as pessoas envolvidas nos ciclos de violências, incluindo vítima e agressor.

A advogada Amanda Freire do Nascimento, membra da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), uma das convidadas que também compôs mesa durante o evento, explica que na tentativa de sair de um ciclo de violência as mulheres ainda se deparam com uma série de opressões de diversas ordens, religiosa, financeira, familiar, etc. “Ou seja, precisa ser considerando o contexto social em que cada uma dessas mulheres está inserida.”.

Sobre o atual governo e as novas medidas apresentadas, com destaque para a relativização da posse de armas, Amanda fala da importância de ter conhecimento sobre as diligencias que um juiz pode determinar para a proteção da mulher.

“Uma das medidas de proteção em casos de violência contra a mulher é justamente retirar a posse de armas do agressor. Então, quando temos uma relativização dessa posse estamos indo contra uma medida que já está proposta, o que poderá gerar graves consequências para as vítimas. É um retrocesso.”, conclui.

Docente do curso de Psicologia da Universidade Federal do Tocantins, a professora doutora em Psicologia Cristina Viana também participou da mesa de debate a convite do CRP-23. Expondo números alarmantes sobre as diversas violências sofridas pelas mulheres no Brasil, país classificado como o 5º na escala de maior taxa de mortes violentas de mulheres no mundo (Flacso, OPAS-OMS, ONU Mulheres, SPM/2015), a professora doutora questiona a atuação profissional em psicologia neste cenário.

“Precisamos levar em consideração as demandas psicossociais dos sujeitos em um contexto latino americano de desigualdade social.”, pontua, citando como ferramenta as referencias técnicas para atuação de psicólogas (os) em programas de atenção à mulher em situação de violência (2013).

Sobre as atividades do lançamento da Campanha Nacional de Direitos Humanos no Tocantins, Jéssica Oliveira, psicóloga formada na Bahia e residente no CEULP/ULBRA, conta ter sido uma experiência gratificante, pois, segundo ela, “vem de encontro a uma pauta importante que é a necessidade de proteção da vida e da dignidade das mulheres.”.

“O encontro foi muito nesse sentido, de garantirmos aquilo que a gente conquistou, o emprego, a renda e a autonomia, e também sobre a possibilidade de traçar redes. Hoje, sobretudo, para mim, foi muito bom por isso.”.

A mesa redonda construída durante o evento foi mediada pela acadêmica de psicologia Mírian Carvalho Lopes, integrante da Comissão Especial de Direitos Humanos do CRP-23 e a fala de abertura das atividades proferida pela conselheira psicóloga Ivanize Giongo Sartori. Ao final dos debates provocados pela mesa redonda, o CRP-23 promoveu sorteios de diversas publicações em psicologia entre os participantes.

O lançamento da Campanha Nacional dos Direitos Humanos no Tocantins partiu de uma articulação entre o Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas do CRP-23 (CREPOP/TO) e a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH-CFP).

Sobre a Campanha

A campanha Nacional dos Direitos Humanos lançada pela Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CDH-CFP) em parceria com as Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia tem como objetivo central produzir uma interdição dos discursos de ódio voltados contra populações historicamente vulnerabilizadas e estimular o respeito e ações humanizadas e humanizadoras. A campanha passará por todos os Conselhos Regionais de Psicologia.

 

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