“Troca de saberes e resistência indígena” foi o tema da atividade realizada pela Comissão Especial de ‘Psicologia e Povos do Cerrado’ do Conselho Regional de Psicologia do Tocantins (CRP-23), em parceria com o Programa de Educação Tutorial Indígena (PET-Indígena) e com o Movimento Estudantil Indígena e Quilombola (MEIQ), em Araguaína-TO no dia 15 de abril do corrente ano.
A atividade aconteceu na Faculdade Católica Dom Orione (FACDO) e foi mediada por estudantes indígenas do campus da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Membros do núcleo local da ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia Social) também estiveram presentes.
No espaço de debate foram pautadas as dificuldades encontradas na formação acadêmica, mais especificamente sobre o corte de bolsas do MEC disponibilizadas a estudantes indígenas que estão ingressando na universidade e a ameaça do corte de bolsas para estudantes já ingressos, além da alta exigência de produção acadêmica para a manutenção dos auxílios.
Diante das dificuldades citadas, soma-se ainda como problemática a ausência de um programa efetivo de inclusão dos alunos e de apoio psicológico a partir da entrada deles na universidade. Medidas estas que se fazem bastante necessárias tendo em vista o cenário propício ao adoecimento psíquico e a desistência acadêmica formado pelo enfrentado destes povos tradicionais no espaço de ensino e pelas diferenças entre o modelo acadêmico e a educação básica que é aplicada nas aldeias.
Dentro deste mesmo cenário, cabe destacar também os problemas que as comunidades indígenas sofrem devido às acirradas disputas de terras e à luta pela demarcação territorial no Tocantins.
Nesse sentido, a permanência desses estudantes na universidade, como relatado por eles, é uma estratégia de luta onde as ferramentas utilizadas são a caneta e o papel: a formação como resistência.
A partir da atividade é possível chegar à reflexão de que as demandas apresentadas são também reflexo do processo de ruptura da já frágil democracia brasileira somada à crescente perda de direitos das minorias no contexto da atual gestão do país.
(por Maísa Martins, acadêmica de psicologia da FACDO e membra da Comissão de Psicologia e Povos do Cerrado)