A relação do trabalho e da infância no Brasil tem sido sustentada por narrativas, tais como: “Melhor trabalhar do que ficar na rua, sem fazer nada, mendigando, usando drogas ou cometendo atos infracionais”; “O trabalho dignifica o homem”; “ Trabalhou quando criança e graças a isto, virou uma pessoa importante”; “Meninos e meninas devem trabalhar para ajudar as suas famílias”; “Famílias que acolhem meninas pobres para fazer o serviço doméstico em troca de casa e comida estão fazendo um favor”; “Adolescente que já tem idade para fazer sexo não são exploradas sexualmente, são prostitutas, responsáveis por seus atos”.
Estes discursos possibilitam a manutenção do trabalho infantil em nome da educação, disciplina, constituição de caráter e como uma possibilidade de superação da pobreza. Apesar disto, a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios- PNAD de 2016 aponta que 2,4 milhões de crianças e adolescentes estão em situação do trabalho infantil no Brasil, sendo 10 milhões em condições análogas à escravidão. Ressalta-se que esta violação retira as crianças do ambiente escolar e as expõem a situações de acidentes de trabalho, violências físicas e sexuais, dentre outras.
No dia 12 de junho- Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, a Psicologia reafirma o compromisso social na defesa de crianças e adolescentes. A(O) psicóloga(o) deve atuar na desmistificação das tecnologias de poder que sustentam o trabalho infantil em decorrência das desigualdades sociais em um mundo capitalista, onde a pobreza e a mão de obra barata se transformam em oportunidade de violação dos direitos humanos.